quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Sei que...

... estou a ficar "balhelhas" ou a chegar ao limite da paranóia quando, após um amigo me levar o pc para saber se tinha arranjo, e me sugerir um qualquer programa em que com autorização podia aceder à informação, tenho um papel a tapar a câmara e entro em pânico sempre que ela se desloca de lá.
Que fazer...

E não, não autorizei tal coisa. Era o que faltava...

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Tururururururuuuuu

Retirado de SMBC Comics

1. Private Joke
Joking to yourself, that you are the only that could understand or someone you know that knows also what your laughing at.
Uma vez estive para comprar uma t-shirt pirosa com a seguinte frase "Fiat na virgem!"
Não comprei.
Quem ia comigo comprou a que dizia "Porn Flakes" - muito mais giro. Mas a minha era muito mais certeira. Sim.

Isto

mais um, roubado daqui http://comicallyvintage.tumblr.com/

Contrariada, Circulina cedeu ao convite, após 300 recusas com desculpas esfarrapadas, uma das quais que a gata tinha que comer e outra que o cacto estava a dar o seu último suspiro depois de 2 anos sem pinga de água.
Cedeu apenas com metade de má consciência por aproveitar a boleia para ir fazer as suas compras, matando assim dois coelhos numa só cajadada. - expressão que, sublinhe-se, abomina como defensora dos animais que é.

No fundo, queria arrumar de vez este assunto, para desmotivar de qualquer novo avanço e evitar o desconforto de mais mensagens inadequadas.
Havia limite para a capacidade de se fazer burra e dar respostas de criatura abençoada pela eterna santa inocência.
O lanche prometido aconteceu, já em bocejo, no pós-compras, que Circulina não suporta ser constantemente interrompida, principalmente quando pouco fala (quase jurava ter sentido o sobrolho com vida própria e um rosnar quase a tornar-se exterior).
Além do mais, não suporta manter o sorriso de gato de porcelana por mais de 5 minutos - experiências anteriores comprovaram que era a causa das suas fortes enxaquecas.

Ouvir falar do gengibre, das suas propriedades e consequências em caso de excesso, uma vez tinha bastado... Ler "lol" e ouvir "bué" assim, causa-lhe alguns refluxos a que vos pouparei a descrição.

O píncaro do dia foi ter que ouvir falar de refeições de fruta, da desintoxicação do organismo, enquanto tentava abocanhar o seu scone bem cheio de doce de abóbora com noz. Decidiu que desatar a lambiscar os dedos com consolo, mostraria a sua discordância ou mesmo desprezo pelo assunto.
Esforçou-se à grande para ser desagradável, algo que lhe começava a ser comum, enquanto se continuava a lambuzar de scone com doce, descrevendo como os seus pequenos almoços eram tão pouco dados a cuidados, constituindo-se apenas de uma bela caneca de leite bem cheia de chocolate e que em caso de um segundo pequeno-almoço, em dias que se acordava muito cedo, seria exactamente a mesmice guloseima, sem dó, sem remorsos, sem problemas com monotonias neste campo.
E arruma o assunto com a afirmação de que comer é um dos maiores prazeres desta vida.

Mas os assuntos entediantes surgem em determinadas pessoas com a mesma facilidade com que Circulina se entrega ao tédio ao ouvir a maioria delas.
Seguiu-se assim um monólogo - que aí já havia desistido de abrir a boca senão para amarfanhar os scones -
acerca do escritor XPTO que faz umas belas metáforas de vida com macacos, frascos e nozes, que a fez perder a noção da educação, soltando livremente um outro bocejo.

Dizia ele que a tinha convidado para o concerto da noite anterior porque a sabia "out of the box"... Nem ele tem ideia o que é isso. Ou o quão verdade poderá (ou não) isso ser...
Escusado será referir que esse foi um dos convites recusados.
A sua vontade, para terminar de vez com aquele sofrimento, era perguntar-lhe se tinha visto o filme "Human Centipede" e descrever-lhe cada pormenor sórdido que lhe fez soltar gargalhadas e provocou o fascínio pela cabeça doente que teria tal imaginação.
Podia ainda descrever aquele hippie, no "Pink Flamingos" e a forma como cantou cheio de jeito a "Surfin' Bird", com uma parte do corpo algo inesperada. Nem precisava trazer à conversa o importante contributo do caniche para o filme. (Preocupante começa a ser as vezes que se lembra de tais filmes.)
Sentir-se-ia muito mais animada com a conversa. Mas seria só ela, na certa. Ahhh, tentação...

Talvez assim parasse de lhe chamar princesa e percebesse que o seu desagrado em ser chamada de tal bodega não se prende a uma baixa auto-estima (for god sake... porque acham estas criaturas que são terapeutas ou que percebem "o outro"?!) , mas a falta de tusa por gente cheia de de fofuras, clichés e bom karma de tirar paciência a um santo, que são vistos como o tiozinho armado em cool.
E que não encontrou outra forma, assim educada - que ainda tinha tacto - de mostrar a recusa às suas deprimentes ofertas para a aquecer, senão fazendo-se mais burra que uma bota, respondendo com o nº de cobertores somados à sua cama.

Regressou a casa, evitando o contacto visual directo com o titio cool, com uma tremenda náusea - que tem sido uma constante em períodos de convívio forçado - desvanecendo-se esta apenas na conversa diária com o encapuzado desconhecido que gargalha consigo ao saber da merda de filmes que vê, tendo alguns deles na sua posse e que, mal por mal, lhe sabe dar música...

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A Lista


Era um quase fim de mundo. Não de uma forma que poderia ser imaginada, mas num esgotar de energias, em êxtase, até às últimas consequências.
Restaram uns poucos sobreviventes, espalhados pelo mundo, todos surdos.
O que se perceberá, de certa forma.

Começou isto de forma inofensiva, com dois estranhos e uma oferta que inicia o contacto diário entre eles. Desconhece-se o que os levou a manter tal conversa diária, mais recheada de troca de música que assuntos pessoais.
Espanta mais ainda o fenómeno de decidirem criar em conjunto uma lista de músicas - a banda sonora perfeita para qualquer "dança do pombo" que se preze - com um nome que não deixa espaço para enganos, mas algum para a imaginação.
O nome da lista não será revelado, para evitar pesquisas e inevitáveis consequências a quem a procurar. Para o caso de ainda restar alguém bom de ouvido...

A lista cresceu diariamente, tomando proporções que vieram a causar danos irreversíveis e tensão de fazer saltar peças de roupa sem que mão lhe tocasse.
Diz-se que ouvida a sós, só causava insónias, inquietação e o síndrome de pernas irrequietas... o problema surgiu quando se ouvia acompanhado.

Um dia encontraram-se. Com direito a jantar e a ouvir a sua banda sonora, ignorando ainda os efeitos.
E assim foi.

As atenções focam-se agora na vizinhança, que tendo paredes finas, ouviam perfeitamente a banda sonora.
Ao fim de umas músicas, em shuffle (pormenor que ainda se investiga como tendo ou não interferência nas consequências resultantes da audição da lista), começaram a surgir suspiros espalhados pelos diversos andares, seguidos de silêncios, depois de ruídos como que semelhantes a problemas de canalização a ecoar pelas paredes...
Instalou-se a curiosidade dos que estavam mais afastados, que vendo roupa a voar varandas fora, se aproximaram para ouvir e pesquisar que musicas seriam.

No dia seguinte a vizinhança que se via pela rua era em menor número. Alguns de ar sorridente e exausto, a tomar o pequeno-almoço pelas 20h.
No dia seguinte eram ainda menos...

Planearam eles, antes que isto terminasse como terminou, fazer a experiência por cafés, salas de aula, salas de cinema, teatro... e usar protecção de ouvidos, desconhecendo os efeitos após exposição prolongada à lista.

Deles mais nada se soube.

Do resto da humanidade, bom, já tomaram conhecimento.
Está ainda por se entender aquilo a que se assistiu... mas julga-se que os finados terão ido felizes, a avaliar pelas rosáceas até ao último suspiro e pelo ar de missão cumprida com que se foram.



sábado, 23 de novembro de 2013

Don't You Feel My Leg




I-n-s-ó-n-i-a-s

Não durmo.
São os lençóis que se prendem, que se enrolam...
É o corpo inquieto.
Sei lá o que é.


É a lista.
A culpa é, definitivamente, da lista.




quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Um dia
simplesmente
acabou-se-lhes
a banda sonora.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Momento xuxu cutchicu ou algo assim. E diz Mia Couto:


Nocturnamente te construo
para que sejas palavra do meu corpo

Peito que em mim respira
olhar em que me despojo
na rouquidão da tua carne
me inicio
me anuncio
e me denuncio

Sabes agora para o que venho
e por isso me desconheces