O despertador toca. Ouço-o lá ao fundo, muito ao fundo.
Ainda nem clareou... E eu, bem, eu inda só consegui abrir o olho esquerdo.
Bocejo. Três vezes. Antes de me levantar. Mais três a caminho do banho.
Água quente no corpinho e eu a pensar que
bom mesmo era regressar ao ninho.
Não do amor, mas da preguicite.
Não que o do amor fosse mau... Mas...
(Pensamento interrompido, felizmente...ou não)
Aranha gorda, peluda (argh) a espreitar-me no banho.
Duvido que estivesse a apreciar o espectáculo. Estaria mais a divertir-se na antecipação de me ver guinchar ou contorcer-me num pequeno quadrado em que evito chocar com a torneira.
Que raio... Era patético optar pela banheira: ninguém tem tempo para banhos de imersão, não são propriamente higiénicos ou saudáveis, é uma gastação de água... mas tinha espaço!! Muito espaço! E não tinha dores lombares por lavar uma cadela gorda e uma cadela magra.
(Pensamento interrompido, infelizmente, decididamente)
Nas minhas contorções pouco acrobáticas dou com o cotovelo na torneira que se vira para a água fria.
BBBRRRRRRRR!
Eia! que bom! Estou mais desperta do que se bebesse uma caneca de café!!!
Quarto. Aquecedor ligado. Nova moleza. Hora de apelar ao chocolate no leite.
Cozinha. Não há chocolate para o leite... Não há chocolate para o leite?!
Calma... vou ali aos cereais de chocolate. Sempre é mais saudável.
Hum... Não há cereais de chocolate. NÃO HÁ CEREAIS DE CHOCOLATE?
Guinchos indescritiveis. Olhos raiados. Cena cortada.
Não ficou ninguém para descrever... Quem ficou...
Desenganem-se, leitores, se pensam que o filme é de terror para mim... filme de terror é para quem tiver o azar de se cruzar comigo em dia de Não Chocolate!