Escalar-te lábio a lábio,
percorrer-te: eis a cintura
o lume breve entre as nádegas
e o ventre, o peito, o dorso
descer aos flancos, enterrar
os olhos na pedra fresca
dos teus olhos,
entregar-me poro a poro
ao furor da tua boca,
esquecer a mão errante
na festa ou na fresta
aberta à doce penetração
das águas duras,
respirar como quem tropeça
no escuro, gritar
às portas da alegria,
da solidão.
porque é terrível
subir assim às hastes da loucura,
do fogo descer à neve.
abandonar-me agora
nas ervas ao orvalho
-a glande leve.
Eugénio de Andrade
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5 comentários:
Uh Uh , que malandrinho era o eugeninho! ;p
Era este o poema que me andava perdido... Encontrei!
;)
Uhhh,calor,calor.....
Não conhecia este do Eugeninho.Muito bom!!
Toma lá esta chançon.combina bem com o poema ;P
www.youtube.com/watch?v=txLPlvkGiP4
Era uma maluca, o Eugénio, mas gosto da simplicidade.
Liiindo, V! ;D
Gosto de Eugénio de Andrade. E este poema, então...
Bj
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