Seria uma manhã como qualquer outra...
Não fossem os planos malévolos de Solitudina Arranca-Olhos. Arranca-Olhos, para os amigos.
Tinha ficado num quarto manhoso com direito à utilização de um wc que em nada ficava a dever aos wc's públicos de rodoviárias, mas era a única solução.
Na noite anterior mal tinha dormido, entre rabiscos estratégicos para uma perseguição segura e discreta e formas fantásticas e pouco atraentes de acabar com as ameaças.
No fundo sabia que o que interessava não eram tanto as ameaças, mas sim como Esfregôncio Bem-Estar reagiria às mesmas... Aí os planos mudariam radicalmente e eis que a vítima sofreria inimagináveis torturas. Mais que não fosse o desprezo, a pior de todas.
Mas até lá, como a vida lhe andava a pisar muito calo e Solitudina não suportava dores no dedão, apetecia-lhe mesmo era uma boa chacina.
Claro que depois do pequeno-almoço, a dose extra de chocolate no leite amainou-lhe os ânimos e os planos reduziram-se a uma perseguição que, a matar por matar, seria apenas a curiosidade.
Nesse dia o plano cingia-se à saída do trabalho/exploração...
Estaria escondida atrás do quiosque; aquele que vendia revistas pornográficas, com imagens de mulheres nos seus 60 anos... (o amor não escolhe idades e o sexo também, ora!), e após franzir o sobrolho várias vezes perante tais capas de revista, o alvo de perseguição saíria do prédio em frente.
E assim foi...
De bicos de pé, apenas o esquerdo, porque infelizmente o direito era teimoso, foi-se escondendo nas entradas de prédios e pingo doces, mini-preços e afins. Ainda se escondeu no meio de um grupo de chineses que visitava a cidade (desde que participara num videoclip baseado no ambiente do "In The Mood For Love" devia achar que passaria muito bem despercebida), mas logo teve que abandonar este disfarce, pois Esfregôncio já ia longe.
Até agora nada a apontar, apenas uma tipa de mamocas bem ao léu, com camisa aberta até ao umbigo. Solitudina olhou, várias vezes... mas felizmente Esfregôncio não gozou deste regalo à vista pois tinha deixado caír o seu bilhete de metro quando ela passou.
Mas o dia não tinha acabado e ainda Solitudina Arranca-Olhos carregava o seu bilhete, já Esfregôcio Bem-Estar entrava no metro!
Ainda correu, mas tropeçou num daqueles bonecos amarelos que supostamente ladram, enquanto abanam a cauda e a cabeça, estatelando-se no fundo das escadas, com uma sabrina caída ao lado da sua cabeça...
Esfregôncio ainda ouviu um grito de dor e frustração; pareceu-lhe familiar...mas pensou: "Oh...são só saudades..."
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1 comentário:
Ahah! :D
Que catita! (Quero saber tudinhoooo!)
Eis-me.
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