terça-feira, 31 de janeiro de 2012

The Black Keys - Howlin for you (LYRICS IN DESCRIPTION)



- Não me dás os teus joelhos...
- Mas fazem-me falta! Está bem, dou-tos.
- Essas pernas deveriam ser minhas, só assim acredito.
- Mas, como vou depois a algum lado?
- E não sei, se não queres abraçar mais ninguém...
- Os braços também?!
- Dizes que só tens olhos para mim; Será mesmo assim?!
- Toma-os...
- Se afirmas com toda a tua convicção que na tua cabeça só há espaço para mim...acho que gostaria de a ter, comprova-lo.
- Sou cabeça no ar, mas... faz-me falta! Ainda a uso, ao contrário do que julgas! Mas se duvídas, toma-a, espreita!
- Vejo tantos corações desenhados, aqui, ali e acoli...mas o teu, pertence-me realmente?
- Como não o sabes ainda?!
- Não sei... Tudo isto me parece insuficiente. És muito picuinhas, queixinhas, lamechinhas, com exigenciazinhas, queres dar e receber muitas coisinhas, ou queres dar e receber poucas coisinhas, ou és pouco lamechinhas, pouco picuinhas, dás muitas satisfaçõezinhas ou pouquinhas... és esquisitinha, não gostas desta ou daquela coisinha, não queres ouvir ou dizer estas palavrinhas, fazer aquelas outras parvoicezinhas...muitas inhas e poucas inhas... uma insuficiência só! Ah, não sei. Acho que não me provas o teu amor...
- Ok... eu levo tudo de volta...
- Nãããã... Não faço devoluções. Nem aceito reclamações.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Roxy Music - Same Old Scene

The Owls - Charles Baudelaire

Under the overhanging yews,
The dark owls sit in solemn state,
Like stranger gods; by twos and twos
Their red eyes gleam. They meditate.

Motionless thus they sit and dream
Until that melancholy hour
When, with the sun's last fading gleam,
The nightly shades assume their power.

From their still attitude the wise
Will learn with terror to despise
All tumult, movement, and unrest;

For he who follows every shade,
Carries the memory in his breast,
Of each unhappy journey made.


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Sob os feixos onde habitam,
Os mochos formam em filas;
Fugindo as rubras pupilas,
Mudos e quietos, meditam.

E assim permanecerão
Até o Sol se ir deitar
No leito enorme do mar,
Sob um sombrio edredão.

Do seu exemplo, tirai
Proveitoso ensinamento:
— Fugí do mundo, evitai

O bulício e o movimento...
Quem atrás de sombras vai,
Só logra arrependimento!

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"

allposters.com



Era ela e um cão.
Passou o Verão, chegou o Outono e sentiu frio. Não havia aquecedor que a aquecesse, cobertor que a aconchegasse.


Era ela, um cão e um gato.
Aprendeu com eles a rodopiar atrás de uma cauda imaginária, a erguer a cabeça ao menor ruído.


Era ela, dois cães e um gato.
Chegou o Inverno. Percebeu que o frio vinha de dentro de si. Aprendera a rosnar ao mínimo sinal de perigo e não deixava ninguém aproximar-se.


Era ela, três cães e dois gatos, mais as aranhas que se instalaram.
O frio não se ia embora. Acendeu uma fogueira com a mobília, no quintal. Nunca ela mordeu tanto quanto devia.


Era ela três cães, três gatos, as aranhas e os pássaros que pelas 16h vinham roubar as migalhas.
Cantavam, ladravam, miavam, chilreavam e… bom, as aranhas não diziam um pio. Sem mobília, dormiam aconchegados.


Percebera que antes sujeitar-se a uma carga de pulgas que a uma carga de nervos!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Depeche Mode - Suffer Well [Official Video]

Soneto de Devoção

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! — uma cadela
Talvez... — mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

Vinicius de Moraes, in 'Antologia Poética'
A poesia vai-se em menos de um "ui!"...

E é tudo o que me apetece dizer por hoje.