quarta-feira, 13 de junho de 2012


carne feita em pouco-nada
tão airosa fez-se farrapo
caminha, agora arrasta o passo
esquece quem foi
esquece quem é
escreve uma nota
dois segundos
pensa ler recado
esfrega os olhos
cansados, baços
sente as mãos
pele enrugada, seca
amassa o papel


deita-se
dorme
sonha


Via-a através da janela
sozinha
enquanto desenhava memórias
antes que se fossem.


Olha para a mão
não é a sua, pensa,
a mão que segura o lápis.
ainda não
que me falta vida,
diz


faz-se em cinzas e esvai-se pela janela aberta.
Sonhou-se.



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