segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Outra vez a Adília Lopes (é paixão, isto)

A Selva

1

Adília
chora
como
uma Madalena

2

Adília

treslê
a Bíblia

3

Adília
a idiota
da família
afoga-se
em chá de tília

4

Adília
memorabilia

Combray
Penamacor

Cortam-me
ou esticam-me
braços
e pernas
conforme
a cama
(a cama
é a medida)

A medida porém
é a Senhora da Aparecida

Também eu
fui Procrustes
tive
duas camas
os outros as outras
nunca
estavam
certos

Errei (pequei)
estou arrependida
(antes não fodida
que mal fodida)

Encontrei este sábado, num mercado urbano, uma banca de livros que já é uma habitué por ali. Sempre que posso compro lá daqueles livrinhos mais pequenos, de acordo com o meu bolso. Desta vez perguntei se não tinham nada da Adília Lopes. Não têm. Mas a senhora conta que, além de gostar muito, já dividiu quarto com ela. Que é um ser adorável. E que foi uma experiência e tanto. Não tenho dúvidas! Diz também que se deitava às 19h e que se levantava às 5h. Que levava uma vida de freira. Salvo seja... Sim, que era algo que não me lembraria ao ler as coisas que leio. Só descansarei quando comprar um livro jeitoso dela.

2 comentários:

Post-It disse...

Ó, mas há muita voluptuosidade na clausura das freiras :p
Acho que a poesia de Adília deve ter muito de auto-biográfico, de uma mente rica em desejos... mas que nem sempre se cumprem... Depois, imagino, que escrever poesia assim - aparentemente - tão prosaicamente deve dar um trabalhão... porque é preciso ter muito jeito para se dobrar a língua e, como sabemos, nem todos conseguem dobrar a língua.
E agora vou ao "Pão e Água-de-Colónia" :D

Ninguém disse...

Sim, sem dúvida que a clausura traz cá umas coisas do demo; é que não tenho a menor dúvida. E sim, lês isto e estás a lê-la; quase certo.
Mas adoro. Fiquei a babar por um livro dela, imenso. E imensamente caro. É assim... cata-se na net. :)