Que a vida não é isto - não pode ser;
sei-o eu
e sinto um peso,
uma quase necessidade de pedir perdão
a quem é a vida em mim,
por ser ingrata.
Mas isto não é, não pode ser, a vida.
Não o é para mim, na certa, que batalho
em guerra muda,
em estado aparente de dormência ou euforia,
que sou a desenrascada, que se safa,
a criativa de viver por um fio.
Mas o equilíbrio e o desequilíbrio andam há muito de mãos dadas
e quase jurava que já trocaram anéis
O fio é fino, está gasto,
a idade enfraquece o lançar de cabeça
e começo a dar conta da dureza do chão.
Que a vida não é isto, nem pode ser! - sei-o eu.
E recuso-a.
Numa batalha cada vez maior
contra mim, contra a explosão que se adia
não sei por quanto mais tempo.