terça-feira, 1 de outubro de 2013

E diz Paul Celan

CORONA

Da mão o outono me come sua folha: somos amigos. 
Descascamos o tempo das nozes e o ensinamos a andar:  
o tempo retorna à casca.

No espelho é domingo,  
no sonho se dorme,  
a boca não mente.  

Meu olho desce ao sexo da amada:  
olhamo-nos,  
dizemo-nos o obscuro,  
amamo-nos como ópio e memória,  
dormimos como vinho nas conchas,  
como o mar no raio sangrento da lua.

Entrelaçados à janela, olham-nos da rua:  
já é tempo de saber!  
Tempo da pedra dispor-se a florescer,  
de um coração palpitar pelo inquieto,

É tempo do tempo ser.. É tempo.

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