sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Irreal Social... ou, Querido Diário, eis uma seca!

A manhã de ontem não começou bem.
Até sair à rua ainda não tinha a certeza se já tinha acordado ou se estava a ter alguma espécie de pesadelo foleiro. Nope.
Tive a certeza quando me tentaram entrar casa de banho adentro, no café, com chave e tudo e continuaram a comunicar comigo, reforçando a minha querida bexiga tímida. Sim, é patético, mas toda eu sou um consolo de maluquices.
A ideia de ser apanhada no típico equilíbrio de casa de banho pública, com as calças semi-em-baixo-presas-pelas-generosas-coxas, enquanto pensava na puta da minha falta de sorte, não me foi nada agradável.

Ontem era dia de eremita. Tinha que ser, mas não foi. E esqueci-me da música em casa. E do livro.
Tive que enfiar a máscara socialoide-falo-que-me-desunho-isto-é-tudo-tão-divertido, quando fui capaz, e conviver com cerca de 30 pessoas.
Comi um mini pão-de-ló. Ajudou um bocado. Depois de comer fico mais agradável; saciar fomes é sempre um bom remédio.

Tenho a sorte de me acharem uma graçola. Nunca percebi muito bem qual é o problema daquelas gentes, mas acham-me graçola. Devo ser boa para teatro, como dizem. Ou embarco bem naquilo, acho que é isso.
Também gosto de algumas gentes, não estou assim tão adormecida!
Excepto no auditório. Aí estava.

Quase me emocionei a ver o tipo de cadeira de rodas que apresentou o surf adaptado. Mas isso posso desculpar com os desequilíbrios emocionais. E o sono. E já vos disse que a manhã começou mal. Na verdade o egoísmo não me permitiu senão pensar em mim. Ou, no máximo, um "foda-se... há gente que está pior que eu!" No entanto não foi má consciência. Foi um "foda-se, quero estar melhor na vida e esta gente está-me a deixar deprimida!".
Depois pensei que iria parar ao inferno, se existisse tal coisa, e que iria ser bem maneirinho, todo aquele festareu sem julgamentos e o quente e o carago.

Depois comi, outra vez, e fiquei melhor com isto tudo. Pensei eu.

Mas depois vem um tipo todo giraço, animado, vivaço, falar das suas viagens em bicicleta, que faz com a namorada, que embarcaram nesta aventura e bla bla bla e deixaram empregos e juntaram-se logo e e e e... e fiquei com vontade de lhe bater. Isso e fugir para qualquer lado, fosse de bicicleta, carro, comboio ou montada num burro. No fundo foi só um ataque de dor de cotovelo. Eram um casal dos diabos. Giros, encaixavam que metia nojo.

O dia podia ter sido pior. Mas podia ter sido melhor; não encontrei o livro que queria, que ia bem no menu de ontem, para algum consolo e aliviar dores de barriga. "Contos de Amor, Loucura e Morte", de Horacio Quiroga.
Em vez de o ter oferecido na altura, devia-o ter comprado para mim. Já lá vão uns anos, mas ainda o choro.
Querido Lugones, Chamuça ou assim, se leres esta merda, perdoa-me.Nunca mo emprestaste como combinado... mereces roubo. (o que vale é que só vens ler e comentar quando escreves algo no teu blog e queres leitores e comentários. Merecemos a amizade um do outro, no fundo.)

E assim se escrevem coisas sem pés nem cabeça, um dia depois do que devia ser.

Vão ler livros a sério, pá!
Ou continuem aí, que tenho muita bodega sem jeito para escrever.

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