Tirei férias da lamuria e do peso.
Apetece-me abrir dois sois em lugar d'olhos, assim em pestanejar alegre.
Uma cantilena que se afinou na garganta, em gargalhada muda, interior.
Trago nos lábios beijos roubados entre lençóis, antes que se escapasse o momento.
"Piiiii acima e piiii abaixo", um rodopiar de espera tornada agora.
O momento que, ido, não pode já ser roubado. Quando muito, esquecido.
Agora era dança, rodopiante, de saia rodada, sem saia.
Memória, pestanejada, tristeza em férias.
Levada a saudade a banhos, vem revitalizada.
Que a saudade é assim mesmo; é desejo cumprido e comprido. Antes. E depois.
Saudade sente-se do que se cumpriu.
Abrem-se dois sóis. Um relampejo de vitória, paixão e sossego.
E chega a noite.
Apagam-se os sóis. Mas não se ouve o lamuriar.
Apenas um murmúrio de cantilena afinada.
Aquela que será sempre do momento.
Que toda a vida tem banda sonora.
Limpa-se a faca. Arruma-se na mala. O mar à espera do mergulho.
Há muita vida pela frente.
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4 comentários:
Vivam as cantilenas (os fadunchos, também), que isto todas têm a sua função. E às vezes são "barrelas d´alma", outras "casas na árvore", muitas vezes "exorcismos" e, as melhores, linhas de fuga e fantasia :)
Cantemos senhores, mas sem estarmos numa igreja, saxafor! :p
Também digo.
Exorcismos é coisa digna; estou por aí. ;)
E eu cá canto em qualquer canto (gostaste, gostaste?); que o digam os vizinhos e as pessoas que me apanham na rua quando julgo que estou em sítios isolados.
Já igrejas... é quando o Diabo me tenta - ou quando tento o Diabo. Mas sou preguiçosa. Para tentar e para rezar.
E assim se tricota um comentário sem pés nem cabeça.
Amén.
Houve chuvada e trovoada nessa igreja sem telhado, miúda? ;P
Little Murder Stories - alguém acabou na mala do carro...
Sol e campos verdejantes. Trovoada, só ali fora e já vou ter que molhar os pés. Continuo com a Adília.
E assim será por largo tempo.
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