sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A Flock Of Seagulls - I Ran


Goya - No te escaparas (Los Caprichos)

Chegar ao Centro da Questão

Circulina Ciumosa era uma criatura estranha e algo negra.
Tinha por mania comer canónigos, dizia que fazia bem aos olhos, exagerar no blush, pois acreditava que lhe fazia um ar feliz e andar sempre em espiral, dizendo que fazer sempre os mesmos caminhos permitia-lhe não se perder.
Circulina estava bem enganada... ela odiava os mesmos caminhos, aborrecia-lhe a rotina e passar vinte vezes pelo mesmo. Tinha um mapa, já gasto e parecia sempre perdida.
Andava tonta... ou era tontinha, não se sabe muito bem, porque Circulina nunca se dava bem a conhecer. Acreditavam os tolos que sim, que a conheciam de gingeira. Até ao dia...
Circulina era uma apaixonada pela vida, há muitos muitos anos, mesmo sem o saber.
Depois ganhou-lhe nova paixão, mas desta vez arrebatada e agarrou-se a ela com unhas, dentes, molas, alfinetes...
Mas pouco a pouco virou coisa vulgar, habitual, rotineira, esquecida...deixou de ser paixão. Era estar viva e aproveitar.
Mas, quando menos esperava, encontrou no centro do seu caminho Sonharino Apaixonento.
O brilho e a cor que transmitia tranformaram o mundo de Circulina Ciumosa.
Continuava, no entanto, às voltas, deixando Sonharino, que a tentava perceber e alcançar, zonzo, rodeado de nuvens negras e à beira de tombar... o chá, entenda-se, que Sonharino era um verdadeiro desastrado, especialmente acompanhado de Circulina.
Tomaram um leite com chocolate e bolachas de água e sal (sim, que Circulina achava-se muito circular) e rodopiaram, andaram em zig zag, treparam paredes, caminharam de costas, estafaram-se, abraçaram-se, choraram e sorriram.
Circulina Ciumosa continua estranha e negra.
É tontinha, mas apenas para fazer sorrir Sonharino Apaixonento.
Deitou o blush fora pois cora naturalmente, vezes sem conta.
Deitou o mapa fora e experimenta novos caminhos.
Pensa até mudar de nome...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Bon Iver - Flume


Daniel Lim - Wake up

Retrato de uma Sombra

Os teus olhos, rasto de luz dos meus passos;
a tua testa, lavrada pelo brilho dos punhais;
as tuas sobrancelhas, orla do caminho da tragédia;
as tuas pestanas, mensageiros de longas cartas;
os teus cabelos, corvos, corvos, corvos;
as tuas faces, campo de armas da madrugada;
os teus lábios, hóspedes tardios;
os teus ombros, estátua do esquecimento;
os teus seios, amigos das minhas serpentes;
os teus braços, álamos à porta do castelo;
as tuas mãos, tábuas de juras mortas;
as tuas ancas, pão e esperança;
o teu sexo, lei do fogo na floresta;
as tuas coxas, asas no abismo;
os teus joelhos, máscaras da tua altivez;
os teus pés, campo de batalha dos pensamentos;
as tuas solas, criptas em chamas;
as tuas pegadas, olho da nossa despedida.

Paul Celan em A Morte é uma Flor

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Roxy Music - Bitters End


Good and Evil - the Devil Tempting a Young Woman - Andre Jacques Victor Orsel
love is a place
& through this place of
love move
(with brightness of peace)
all places

yes is a world
& in this world of
yes live
(skilfully curled)
all worlds


e e cummings

domingo, 21 de setembro de 2008

Thievery Corporation – Heaven’s Gonna Burn Your Eyes


Mesmo não sendo homem, a minha garagem é o meu santuário!
:P
Não me apetece escrever.
É só.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

The Karelia - Love's A Cliché



Sara Wilson - Sometimes I Feel Tangled

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Sesame Street - Something Always Comes Between Us

Quem tem medo do lobo mau?!

Daniel Lim - Wolfdate
Eu cá preciso de um Portito...

Não tentem perceber, que eu também não!

- ggfrnvkv!
- Concordo. ggfrnvkv!
- Pois, mas... jgrthhlhd.
- Sim, sim...
- humpf
- ai, ai...
- ...
- ,nejgnreljngerngl!nbkhsd...
- !

domingo, 7 de setembro de 2008

Messer Chups "Go Satan Go"

:D

HEIKO MÜLLER - Never Wake Up

É para o R/C, por favor...

Artêncio Azaracaro estava farto da sua longa vida.
Foi parar ao hospital por causa de um fungo no dedo do pé, apanhado em meados de Agosto.
A pensão prometia "Esmerado Asseio", mas o impulso que sentiu de passear-se numa loja dos 300 à procura de uma tapete anti-derrapante, ao olhar para a casa de banho, revelou que o asseio teria ali significado diferente. Ou isso ou não se referiam ao espaço...
Certo é que Artêncio estava ali, apenas com um lençol a tapar as suas miudezas, que a idade já não perdoa, e as dúzias de pessoas de bata ou soca que por ali passavam insistiam em levanta-lo(o lençol, entenda-se) como se isso facilitasse algum tipo de diagnóstico fulminante.
Artêncio Azaracaro era infeliz. Não pelo fungo. Mas pelas condições que o levaram a apanha-lo. Não será aqui relatado. Queira o leitor imaginar...
Artêncio era infeliz e isto fora a gota de água.
Resolveu pôr um fim a tudo e atirou-se da janela de um dos quartos do hospital.
6º andar.
É conveniente explicar que foi pelas escadas, esperançoso de um ataque cardíaco.
Mas não conseguindo, atirou-se.
Artêncio sempre fora um azarado, como tal, quis o destino que ele caísse em cima de um pobre coitado, que, pendurado num andaime, limpava os vidros.
Caíu, morreu.
Artêncio Azaracaro não.
E atirou-se do andaime.
E caíu em cima do toldo da entrada.
E atirou-se novamente.
E caíu em cima de uma maca...por sinal ocupada.
Parte o pescoço ao ocupante...
E furioso corre, até se enfiar para o esgoto...onde aterra em cima do pobre coitado nº 2, que estava em funções. Era uma vida de merda, é certo... mas foi-se.
Artêncio Azaracaro desiste.
Chora desalmadamente.
Tropeça com o dedo mindinho... é mordido por uma ratazana e morre...
Autopsia: a mulher envenenava-o há muito, um pouquinho de ****** todos os dias... e ninguém notaria.