terça-feira, 30 de março de 2010

Cyndi Lauper - Girls Just Wanna Have Fun




:D

Eh eh...

Para mais taaardeee recordaaaaar! ;P

Às vezes passeavam-se assim, para lado nenhum, a pensar no próximo petisco, a mexer em traquitana sem jeito, a comprar a inutilidade para rir amanhã ou no Verão quando ninguém (ou elas) quer saber.
Compravam vernizes que sobravam nas prateleiras porque a luz da loja era fluorescente e enganava na cor, porque parecia giro para a unha do pé, até que o pé lhes revela que são daltónicas ou porque aqui ninguém vai ligar, mas na cidade-ovo até vão. Deus me livre se saía com isto à rua!
Salpicava canela porque ela dizia que era bom, panava ela o frango com sementes porque a outra ao dizer que tinha comido lambia o beiço três vezes.
Falavam por palavras e expressões que aos outros soavam estranho ou caricato.
"Roubavam" expressões uma à outra porque aquilo soava o máximo, fica na tola e agora não sai e, raios, tem mesmo graça, o disparate!
Ela era assim, cabelo ora preto, ora vermelho, ora ruivo, ora cor-de-rato.
Cabelo cor-de-rato era aliás coisa que só da boca dela podia saír... E a si sempre soltara gargalhadas, interiores, exteriores, de boca aberta ou de esgar.
Que isto às vezes tem que se disfarçar!

Um olhar de soslaio de uma fazia a mão da outra rolar até à boca para segredos de olho espichado pelo canto.
Para os de fora, um a coisa feia, de gente má. Para elas, um entretém nem sempre maldoso, de quem absorve tiques e hábitos alheios, de gente que observam há anos a fio e outros que chegam e ficam iguais e se movimentam no mesmo ritmo ou falta dele...
Mudou tão pouco não foi?
(Coisas de cidade-ovo, de amigos, conhecidos, conhecidos de já te botei olho não sei onde, de nunca te vi mais careca, mas mais magro sim...)

Que isto do ritmo é coisa que se lhes cai como mossa no corpo. Não o ritmo, a falta dele.
Batem palmas e soltam Oooooohhh's quando algo lhes lembra que a coxa ainda mexe e está para durar, quando sabem que a palma e o Oooohh vai ser recebido do outro lado com uma favola ao léu e um pulinho idiota no início da dança tolinha de pé e braço e cabeça.
É assim que se distinguem; pela tolice descarada de quem está para as curvas até o dedão do pé mostrar quem manda.

Por vezes também lhe dá ganas de a estrangular.
Engane-se quem pense que era por ódio, inveja ou coisa semelhante.
Era a raiva contida de uma dor sentida da dor de outrem. Do levas uma chapada a ver se aprendes, do já chega que a mim também atinge.
Era assim que sabia que ela ali estava. Ela para ela e ela para ela. Por mais repetido que soe.
Contado assim até parece uma história de amor. Ao que as duas dizem: Chica pardaloca, Apre, Cataninho, Arre-Diabo! E outras coisas que tal.
Nada de amor, Deus as livre! Que sabem bem do que gostam e os pormenores que contam bem o comprovam!
(E há agora quem se benza e pense meia dúzia de vezes o que se comentará entre um capuccino e um biscoito, uma torrada com mel e um chazinho de tiramisú.)
Mas é uma relação de anos que há-de durar até que as chávenas de capuccino estejam gastas, o frango já custe a mastigar e as unhas dos pés já encarquilhem demais para o verniz disfarçar...

segunda-feira, 29 de março de 2010

La Vie en Rose - Edith Piaf



Pausa ali ao lado, que esta vale a pena ouvir... :)


Pega
Deslarga

Pega
Deslarga


Ela sabia que a palavra deslarga estava incorrecta, mas importava?
Ele ria sempre com a dita baboseira e imitava-a com aquela vozinha estridente de boneco de borracha: "Deeeeslaaargaaa-meeee"!
Por isso valia a pena manter o disparate.


E dizia para os seus botões:

Pega
Deslarga...

Pega e emprega e é a desgraça
Deslarga e começa a ganhar outra graça.

Pega, peca, esfrega cheia de graça... vem a desgraça!
Deslarga, alguém pega...
Ai que graça!

Oh desgraça...


Se fugir o bicho pega
Se ficar o bicho come

Agora apeteceu-me escrever isto. Pronto!