terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Of the Wand & the Moon - Lost in Emptiness

Não devia andar de transportes públicos I...

Hálitos nauseabundos vários, suores retrasados, migalhas de bolos, pão, bolachas...perfumes manhosos, pés e sapatos imundos, pregas mal lavadas ou cheiros a gordo, a ranço, a entranhas aquando de um espirro.
Argh... Há dias em que me apetece lavar o mundo com esfregão de arame.

Show de variedades ou variedade de horrores

A caminho e durante o banho, somos todas "umas burlescas" ou artistas Vaudeville.
Basta ter a música certa.
Tem ainda a vantagem de ninguém reparar se se é um bisonte, um quadrado com pernas e braços, uma galinhola sem sal, ou mesmo se se dá uma topada com o dedão do pé fazendo caras de dor de assustar monstrengos.
Se ficar com os dedos dos pés presos nos elásticos das cuecas é que é pior... pode sempre resultar numa queda, perda dos dentes da frente e aí nem show privado...
Quer dizer, há gostos para tudo e não escapam os sanguinários!
Há que aproveitar toda a variedade...

sábado, 8 de dezembro de 2012

E se um dia...?

Suspira
Respira
             Engasga

Há coisas para as quais não fui feita para engolir.

...


E o título?

Bom... e se um dia tenho que me questionar e se um dia?

domingo, 2 de dezembro de 2012

sábado, 1 de dezembro de 2012

Diz que o negrume anda aqui... Uma espécie de ... Bitter Sweet - Clan of Xymox




Âaaaa.... Hum?

Há alturas em que as pessoas se devem ficar pelo sorrir. Assim, com aquele ar meio pateta, meio simpático.
Aconselhado em momentos:

> que não ouves o que a outra pessoa te diz (especialmente se é a 3ª ou 4ª vez que perguntas "o quê?");

> em que não suportas a outra pessoa, mas tens que te manter educada por uma terceira pessoa presente, enquanto a tua mente vagueia pelas inúmeras torturas a que sujeitavas tal criatura (aqui o dito sorriso sai fácil, fácil!);

> quando alguém, que não podes por algum motivo contrariar, te diz uma barbaridade que tens que conter a mão que segura o garfo...;

> e sem dúvida, quando não fazes puta de ideia do que estão a falar, principalmente quando parece mal não teres pelo menos uma ideia mínima...
WTF?! 
A acompanhar isto, sugere-se forte e convictamente que se continue a mostrar as mamas, com mais pujança e a bambolear... pode ser que o pessoal se esqueça.
Sempre é melhor que respostas imbecis e que denunciam de caras...




Claro, isto também pode ser uma piadola tão, mas tão privada que me escapa.


NOTA: o meu computadorzeco é tão educadinho, tão politicamente correcto, que nem assumiu a palavra puta... Tsc tsc... por causa das cócegas, meu querido, já te consta no dicionário!

Mensagens do além...

Eu juro que o meu pc - ou sabe-se lá que alminha - me anda a enviar dicas...
Não sei se é boa ideia continuar a dar-lhe confiança.
Desde que se põe azul, que lhe dá para isto...

Ora me cumprimenta e me dá nomes fofinhos


Ora insinua que vou ser uma daquelas looneys...

 Ou fica baralhado e não se lembra quem sou!
Ou me avisa de perigos vários...





Pior, manda-me ordens suspeitas!




Mas o que achei mesmo assustador, foi ele tentar dar-me dicas amorosas...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Anna Calvi - First We Kiss

Sinto Muito

Sinto falta de falar sozinha por aqui.
Dar-me música.
Fazer de-di-ca-tó-rias a mim mesma, que aos outros passa de moda.
Assim como colocar "Por Aqui Nada de Interesse está numa relação com Não Há Sol Que Me Apanhe".
Passa de moda, obriga a actualizações e justificações e pêsames. Uma canseira.
Sinto falta do querido diário falsificado, de tom jocoso, em que ter vontade de arrancar olhos soa de facto como coisa divertida e perfeitamente apetecível.
Também me falta dizer asneiras e escrevê-las com pujança. Mas porra, há-de vir sempre alguém aqui caír!
E se for daqueles leitores cheios de moral?!

Bom... aí é mandá-los para o car#$%piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

Vá, vá, vão mas é pôr play no vídeo acima e não digam que vão daqui...
(e eu que queria tanto que o raio desta música me saísse da cabeça!!!!!)

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Cotão, Mofo e Traça

Cotão a saltar debaixo da cama e da minha vida, aos montes.
Não sei o que está mais "bagunçado", se a minha vida, se a minha casa.
Por mais que arrume, varra, despache, estão ambas cheias de coisa nenhuma.
As Traças comem-me a roupa e os dias, o Mofo dá-me cabo das gavetas e do sentir.
Há tralha guardada há tanto tempo, que desconfio que não saberei mais dar-lhe uso...

Sempre que tento arrumar este caos, vem sempre confusão...
Cansada, como mais um chocolatinho. Não trata mas alivia. Por dois segundos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Pior a emenda que o soneto?!

Para evitar uma maluquice,  uma argolada da tentação, rever-se em sonhos caindo em patacoadas de repetição; que a carne é fraca, a memória nem tanto; dedicar-se a uma outra qualquer xonezada, que pode calhar ou não cagada, mas com um objectivo definido, o da distracção.

Avançar com cuidado, arranjar manobras de escape, treinar a cara de pasmo, morder pela calada, são passos essenciais e que se aconselham.

Xonezada por xonezada... toma o comprimido que isso passa...

E o que é que isso interessa?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Desculpe it?! Again...

Eu tinha dito que não era aconselhável ler comentários na net.
Mas é mais forte que eu.
E tropeço nesta:
"Está na hora de despertar-mos!! Ou continuaram a lixar.nos a vida... "
Como disse??
Despertar-mos? Continuaram em vez de continuarão?!
Está bem...

Deixa-me cá agarrar um bom livro ou ainda vou no embalo... Irra!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Eu sei lá se é Manifestação se é o Cara***!



Sou pequena.
Não posso (não devia) levar cacetadas de maior (diz que devia viver em redoma) e com um abanão maior devo ir ao chão, nem devo viver num estado de ansiedade ou de nervos.
Mas cacetada andamos a levar há muito e parece que precisamos de (ainda mais?!) fortes abanões para acordar. Isto cria nervos como bicho e ansiedade passa a ser o nosso nome do meio (até que esse passe a ser Pão e Água).
E por isso, chegada a hora, espero estar pronta para colocar capacete se for preciso!

A única coisa que receio é mesmo este nosso estado zombie e que chegado o dia andemos ali, sem direcção, simplesmente a soltar grunhidos sem objectivo, em arrastanço de pé e de resto (ou imitação) de vida.
Mas isto sou eu a pensar, que sou pequena...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

:)




* As Aventuras de João Sem Medo - José Gomes Ferreira

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Frederic Chopin - Marcha Funebre

E assim...

... se encerra mais um capítulo.

Plim!


(é que o blog estava a ficar chato)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Tudo se digere

- Queria uma chamuça e duas gomas, por favor!
- Quais são as gomas?
- Estas aqui, os corações.
- Aaahhhh... Apaixonada?
- ...Hummm... Não! Nem por isso!
- Ups... (ar de quem já se enfiava debaixo do balcão para nunca mais voltar) Isto não me saiu lá muito bem.
- Hum hum! (sorridente até às orelhas)
- Pronto, leva mais uma goma, pelo despropósito.
- Obrigada! (sorridente até quase dar a volta toda à cabeça)

Ah hum... Mas então não estar apaixonada é alguma fatalidade?!

(Pensava enquanto triturava os "Little Peach Flavoured Hearts", sem dó nem piedade, depois de comer fervorosamente a sua tostadinha chamuça)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Pronto, ok, já toda a gente sabe disto, mas...

Não sei, de repente sinto-me muito mais descansada relativamente à minha escolha de parceiros.
Podia ser pior!


http://en.wikipedia.org/wiki/Hybristophilia


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A Nausea

"
- Estás bonita........meu amor.
- Obrigada ,meu amor ♥

(Foto manhosa daquelas páginas ainda mais manhosas com ditos ainda muito mais manhosos, sendo este: "Eu Te Amo")
- Eu tanbem.... muito. 
(não... não é erro meu)
- hummmmm... que bom meu amor.

- que sorriso bonito...
- muito obrigada...
- ....meu amor
- Meu doce amor

Bla bla bla... conversa de treta...
- Beijinhos,meu amor
- nao estejas triste,meu amor,eu estou contigo do fundo do meu coracao,mesmo a distancia
- Eu sei meu amor,beijinho
- podes abrir mais um rasgo de felicidade na tua boca,hoje,meu amor?
- Claro q sim meu amor,hoje já estou bem;)
- pronto,e so para dizer que mereces ser feliz,nada mais...beijinho
- Obrigada meu amor,beijinho ♥ "


Epáááá!! Fod*$#%&!!!!
Se eu leio merdas destas mais uma vez que seja, juro que pego na moto-serra, numa metralhadora, num cutelo... qualquer coisa!

Mas mas mas... será possível?!? 

sábado, 1 de setembro de 2012

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Diz que...

Saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da língua portuguesa e também na música popular. "Saudade", só conhecida em galego e português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, falta, distância e amor. A palavra vem do latim "solitas, solitatis" (solidão), na forma arcaica de "soedade, soidade e suidade" e sob influência de "saúde" e "saudar".

http://pt.wikipedia.org

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Muahahaha!!!


How to Dance Goth from APBS on Vimeo.
Se me voltam a chamar gótica ou a insinuar que o sou... juro que me ponho a dançar assim até "evaporarem" de vergonha!!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Haus Arafna - I did it for you

SPA para o coração


Haverá forma de fazer uma exfoliação sentimental?!

E depois admiro-me com as insónias...

Com tanta coisa que podia sonhar depois de ver um filme de David Lynch e vou sonhar com a conta da luz?!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Sniff Sniff, sou mesmo uma míuda a ver filmes

Tom Waits - Broken Bicycles ou Se a Minha Vida tivesse Banda Sonora

OOooops!

Foi aqui que pediram um buraco para se enfiar?!


Terrível quando o ridículo se apodera dos olhos (e ouvidos e... tudo).
Quando a graça cai em desgraça.
Quando o suspiro tornado náusea nos confrange e constrange, no público e no privado.
Quando tentas silenciar fonte de tal tormento, para que ouvidos não sofram através do estômago que, revolvendo-se, devolve o sentimento até à goela num ai.
Terrível... é.


Mas sorridente na medida que traz nova luz ao objecto de (agora, falta de) desejo e permite dar novos passos, mais alegretes e confiantes.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Porque sim

Pior que "Vampiragem"!

Ainda dizem que nada é eterno.
Garantam-me isso, por favor!
Façam lá meia dúzia de juras, pela saúde de A e B, mas façam-me acreditar.
É que na minha vida há coisas que, se não duram para a eternidade, parece.


Qual dom ou maldição da vampiragem, condenada a viver para todo o sempre...
Parece bom à primeira, mas quando não há ninguém com quem lanchar ou discutir um filme, é um terror. Já para não falar na falta de companhia para cortar na casaca e... o que cortar na casaca.


Vá, eu também gostava de viver para sempre, digo eu. Mas com este ar fresco, com a mesma genica, mas, pelamordedeusinho, só se os outros também puderem brincar!


Agora o que soa a praga... Vade retro Satana!

Já está tudo preso por cordéis, mas... não vá o Diabo tecê-las...


E como já usei demasiadas expressões e o meu cérebro está nas últimas (anda a precisar de alimento, anda), vou-vos poupar a disparatadas e pôr-me a gastar os olhinhos noutras bandas. (estes olhinhos, que a terra há-de comer!)

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Quero é borga!

Mas vá... só daqui a uns dias!
(roubado algures pelo Facebook...ups... :/ sorry!)

A minha vida não dava um filme...

... dava vários. 
Alguns de muito mau gosto. Outros de gargalhar. Outros de cortar pulsos. E por aí fora.


Que grande novidade! Devem todos pensar o mesmo.


No entanto, com a vida dos outros posso eu bem, e aqui estou, lançada em momentos de arrancar cabelos, sem frescuras, histerismos ou outras miudezas, mas a pensar como serei vida nos próximos tempos.


Mas... sei lá eu, que devo ter chegado a tal ponto de desespero, de loucura, que me apetece mandar o mundo às urtigas e apanhar sol, que este ainda vai sendo de graça. Paga-se, por vezes, é a melhor forma de o apanhar. 
(E desculpem, mas mesmo tesa, gosto de variar. Nem que seja ali já ao lado!)


É que gelam-se-me aqui os pés, fervem-se-me as orelhas e cansam-se-me as articulações.
Tenho para mim que estas generosas coxas bamboleantes servem para passeios e outros prazeres. Não para ajudar o rabo a crescer, alapado... deixando os olhos ver o mundo passar, os ouvidos cansarem-se no mesmo rrrnehurrrenheuuuu, a boca fechar-se na falta de espanto.


Entretanto encho-me de música e coragem e acabo aqui umas merdas (oh que falta de chá e de poesia!) que depois não quero estar para ninguém. Só para Ninguém!

A minha vida tem banda sonora

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Circulina tinha um namorado que era um mimo.
Um xuxu, chamava-lhe ela.
Tinha-lhe ele tanta dedicação que lhe escolheu o seu próximo namorado.
Dizia que era o melhor dos melhores, que em nada lhe havia de faltar.
Oferecer-lhe-ia vento pelos cabelos, pela roupa, memórias coloridas, beijos dedicados, suspiros e abraços e uma certeza: a de ser só seu.
Mas deixou o aviso. "O único que não mente sou eu."


Circulina era miúda de um homem só. Circulina queria um homem de uma miúda só. 
Não para a vida, que mitos, para ela, eram só um passatempo, dos de "cuscar" e investigar pela curiosidade.
Mas no sentir, no estar, no beijo, no entrelaçar de pernas, no suspiro sentido, no bafo quente de Invernos... diz que era uma sonhadora pateta.
Circulina acreditava que um no outro se perderiam e encontrariam. E o exterior ficaria lá. Para visita.
Que as fantasias a si mesmas pertencem. E aí ficam... Que a vida é feita de escolhas.
Que as idas têm volta, que se renasce a cada encontro, que no reencontro se torna claro...

Xuxu foi-se. Escolheu assim.
Circulina ficou-se. Escolheu-se. De cabeça erguida, como sempre faz.

sábado, 7 de julho de 2012

Patsy Cline - Too Many Secrets - 1957



Já não me lembrava de cantar esta... principalmente para os meus botões.
Valha-me o pôr-me a dar ao pé!

quinta-feira, 21 de junho de 2012


Metereológica

Deus não me deu
um namorado
deu-me
o martírio branco
de não o ter

Vi namorados
possíveis
foram bois
foram porcos
e eu palácios
e pérolas

Não me queres
nunca me quiseste
(porquê, meu Deus?)

A vida
é livro
e o livro
não é livre

Choro
chove
mas isto é
Verlaine

Ou:
um dia
tão bonito
e eu
não fornico


A solidão
de Adão
antes da criação
de Eva
devia ser
terrível
mas a minha
é bem pior
os homens
que escreveram
o Génesis
não pensaram
que Adão
em vez de saudar
Eva
com um grito de júbilo
a mandasse embora
com sete pedras na mão
mas eu acho
que foi
o que me aconteceu
temendo isso
Deus
não me deu
o papel de Eva
nem o de Maria
porque também
S. José
me tinha corrido
a pontapé

Adília Lopes 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Que me perdoem os leitores mais sensíveis...
mas...
Qu
se 
foda 
isto 
tudo
!!!!!

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Swans - Real Love


carne feita em pouco-nada
tão airosa fez-se farrapo
caminha, agora arrasta o passo
esquece quem foi
esquece quem é
escreve uma nota
dois segundos
pensa ler recado
esfrega os olhos
cansados, baços
sente as mãos
pele enrugada, seca
amassa o papel


deita-se
dorme
sonha


Via-a através da janela
sozinha
enquanto desenhava memórias
antes que se fossem.


Olha para a mão
não é a sua, pensa,
a mão que segura o lápis.
ainda não
que me falta vida,
diz


faz-se em cinzas e esvai-se pela janela aberta.
Sonhou-se.



segunda-feira, 11 de junho de 2012

Pergunto eu...

... quase todas as noites, entre as 19h e as 23h. 

quinta-feira, 7 de junho de 2012

 É bonito... no meio de tanta escolha e opto pela patetice. Ah, coisa linda, isto...




Mas, depois de perceber que o amor tem agenda e deveras preenchida e que misturas não se aconselham (ah pois não... há certas misturas que eu própria não aconselho) começo a ponderar as minhas prioridades. De acção e de pensamento.


E dou de caras com outra oportunidade, embora limitada (ou não?!) de escolha... e penso... ena pá, esta gente não tem necessidade de liberdade! Anda tudo de bem com a mesma. sim senhor, linda casa! - já diziam as outras (referência pouco aconselhável, até porque já não se encontra disponível para confirmação).
 Não vou de modas e Zás. Esqueçam lá o tu de coraçãozinho batido! O que eu preciso é de liberdade.        Muita, aos molhos!
 Liberdade de ser, de ter, de estar, de fazer. Liberdade, Ah, isto sim, coisa boa!



Nota: Devo acrescentar que precisava de todos os itens da coisa... Oh se precisava!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

The Urban Voodoo Machine ~ LoveSong#666 Video in HD

Um par de ambos os dois igual = 0

Ele conhecia a sua namorada como a palma da sua mão. 
Ou pelo menos assim pensava.
Era um espanto como lhe adivinhava pensamentos, falas, conversas completas até!, desejos, ambições... um espanto; digo-vos!
De tal forma que começou a fazer conversas intermináveis com ela, mesmo sem a sua presença, física ou telefónica.
Como sabia de cor tudo o que ela diria ou pensava, depressa a substitui por uma foto dela colada no espelho (espelho esse que já lhe servira tantas vezes como parceiro de conversas sobre si mesmo, tecendo elogios e constatando que estava cada vez mais agradável à vista).
Foi uma relação bonita e duradoura, embora não se possa dizer que incluísse o " foram felizes para sempre".


Já ela, cansada do seu outrora amado ora feito boneco insuflável, ora feito homem invisível, ora feito amigo imaginário, que vivia tão no seu mundo de monólogos convictos, fez da sua foto (a única prova de que tal criatura existia) alvo para colocar atrás da porta.
A sua pontaria está melhor que nunca.

sábado, 26 de maio de 2012

Chopin - Nocturne Op.9 No.2

Horrible Fanfares - Victor Castillo


Diz que anda morta há muito tempo. Que não deu conta.
Passou os dias em mero arrastanço, contando um atrás do outro, ouvindo a marcha fúnebre e dando risadinhas  saltando de pés nos chinelos, nos melhores dias. Qualquer coisa na marcha fúnebre a divertia. 
Estava mofenta e quase desarticulada. Prendia-se com guitas coloridas e usava colónia de alfazema.
E contava um dia atrás do outro.


Diz que esperava um milagre e que ele chegaria. Guardava a sua melhor roupa e o seu melhor sorriso para o dia. Caso demorasse, até tinha uma placa guardada. Que sorriso bom é cheio de dentes, é cheio de vontade, é cheio de si.


Diz que anda morta, mas não é parva. Que há mais no mundo e comprou óculos de ver. Mas ver bem, de perto, como se quer. Que perto bom é aquele de sentir o cheiro, de sentir o respirar,  de sentir o quente. E tinha as pernas frias há demasiado tempo. 


Diz que anda morta. mas já vê a luz...

domingo, 20 de maio de 2012

Tatuagem - Chico Buarque

Esta Florbela Espanca(-me)

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

_ Ah, é verdade; escreveste-me um mail tão bonito... 
_ Bonito?!
_ Sim. Escreveste um mail bonito. Raios, já não vou poder fazer isto... e aquilo... e... um segundo (fala para outro lado) tenho que ir ali explicar uma coisa. Ai, que falta de tempo. Não és tu. 
_ ... 


Diz que escrevia mails bonitos. Assim como um conto para ler enquanto se beberica o chá. Com a pontinha dos lábios, a fazer biquinho de pássaro.
Um dia fará uma compilação. 
Está indecisa se torne aquilo num romance, numa comédia ou mesmo num filme de terror.

Tesco Value - Czesław Śpiewa - Perversities In D - Minor.



Quebra-Gelo



  • Welcome morning sun
    The fun has just begun
    But don't tell me - you don't want me?
    'Cause I know how much you sadly miss me

    Welcome lazy day
    No fun, no hardcore sex today
    Masturbation is no salvation
    When I need your dirty execution!
    I need your dirty execution

    So let me seduce you
    Give me permission to fuck and abuse you
    Got to pull on this dirty sheet
    So you can spank my monkey to this funky beat!

    The queen made up her mind
    Penetration of a bleeding kind
    You stole me, now you're home free
    And I'm half of the man I used to be

    So I welcome waste of time
    'Cause love was never a friend of mine
    But don't crawl - I'll bet
    You'll soon find your pussy on the internet!

    So let me seduce you
    Give me permission to fuck and abuse you
    Got to pull on this dirty sheet
    So you can spank my monkey to this funky beat!

    Well I'm a hungry child again
    I'm old enough for your sweetest pain
    And so what if the game is strange
    My perversities are never ever gonna change!

    So let me seduce you
    Give me permission to fuck and abuse you
    Got to pull on this dirty sheet
    So you can spank my monkey to this funky beat!

E até posso andar de bicicleta...


Relativizar

Devia haver qualquer coisa de reconfortante em voltar ao hospital, em rotineira lembrança.
Tenho duas pernas, dois braços e só perco a cabeça de quando em vez.
Bom, falta-me parte do perónio, parte do pulmão esquerdo, ainda me quiseram mexer no direito, tendo desistido depois de eu sugerir um fecho-de-correr para abrirem sempre que assim o desejassem. Também o meu músculo do gémeo da perna direita desistiu completamente de mim.
Sou assim uma espécie de monstro de Frankenstein, mas bem mais atraente e ainda balbuciando algumas tretas perceptíveis.

Vejo ou revejo pessoas que lutaram a mesma luta, mas que se perderam em corpo, em mente, mas que se agarram como sanguessugas a uma espécie de vida... ou as que perderam parte de si, mas são inteiras.

E há ainda as que foram, que partiram, numa realidade que já se afasta de mim.
Há qualquer coisa que me une a estas pessoas, em especial nestes dias de rotina, de lembrança indesejada, mas talvez necessária. 
Não me identifico com nenhuma delas; mas verdade seja dita, dos dedos de uma mão devem sobejar uns quantos ao contar neles as com que me identifico; no entanto, este sentir, este relembrar, o olhar, fica sempre e une.
Eu fui das que manteve todos os membros visíveis, que perdeu a cabeça de diversas e más formas, que beirou a insanidade mental, muita dela em silêncio, mas que se agarrou de unhas e dentes a uma vida que de promissora nada tinha.
Continua a  não ser. 
Mas ainda hoje admiro a miúda de 17 anos que se agarrou a si mesma. Numa espiral caótica.
...
Ir ao hospital, deveria ser reconfortante. 


Além de que qualquer coisa que faça a seguir vai parecer fantástico (mas só porque não quero escrever "espectacular!"), colorido.
Diria mesmo que me devia sentir brilhar!

segunda-feira, 14 de maio de 2012



Ahhh, ir a consultas no hospital. Hummmm... 




Nota: É favor ninguém me explicar para que servem estes instrumentos; tenho a certeza que a minha imaginação torna isto muito mais divertido.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

(Not so) Private Joke

O dia em que Sem Sombra 
se transforma em Sem Rasto.


(podia fazer piadas com Criminal Minds, Case Files, com o meu jeitinho, até com os X-Files... mas perdia metade da piada)


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Flunk - Cigarette Burns




"I guess the pills don't work and the drinks don't work
In the morning they'll hurt like cigarette burns"

Mas aposto que bem escolhido e tudo bem misturadinho já não doi nadica!

Ui...
Mas é certinho: " T
he summers daft and winter's long".
Vou fingir que é Verão e pôr-me bem disposta; espanejar-me ao ar. 
Queria dizer que estava a ter uns dias de cão. 
Mas conclui que podia induzir em erro, após observar a canita do vizinho que pensa que é minha...
Acho que lhe acrescentei uns anos de vida...


Resta-me, portanto, falar de forma clara e dizer que ando a ter uns dias de merda.
Mas que ninguém se amofine! Com sorte passo a ter uma vida de cão!

Às vezes sinto-me assim, sem bracitos, sem perninhas para andar e sem poder saír da mesma posição.
Acho que até o meu cabelo por vezes se comporta desta forma. Aborrecido, isto.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Depois do último episódio que vi de Criminal Minds, achei por bem tirar os phones (posso escrever phones?) dos ouvidos ao entrar no prédio.
Não me apetecia nada ser atacada sem dar conta e, pior,possivelmente com a banda sonora errada! 

A merda toda foi quando acendi a luz da sala à entrada e dei com a cadela do vizinho lá dentro. Rai's parta se eu não a "botei" lá fora ao sair... E não dei conta que entrasse ao abrir a porta. Já não tinha música, mas ouvia nitidamente algo na minha cabeça...
Mas merda merdinha mesmo foi ter a porta do guarda-fatos entreaberta.


Se hoje durmo! (outra vez)


Ah!


O sonho era premonitório... as toalhas não enxugam... Rai's parta a chuva!
Mas questões mais importantes se levantam... não, não do morango píncaro, que acho que isso era o aviso de que os morangos que tinha no frigorífico se iam estragar, mas do raio do que tinha a pagar.
Chegou uma conta da edp estranhamente baixa... hummm... Medo, muito medo!!

The Smiths - That Joke Isn't Funny Anymore



Entretanto esganiço-me satisfeita, sabendo que no meio disto alguém há-de saír incomodado. Ou descubro a minha vocação e ganho rios de dinheiro...
Ganhara imenso com as horas mal dormidas.
Como tal, não sei porque se queixava tanto...
Com tanta hora à disposição, ganhara um chorrilho de pensamentos destrutivos, um par de papinhos nos olhos, uma tremenda enxaqueca, uma fomeca extra, com esta última mais umas gramas de peso, uma valente dose de impaciência e uma vontade extrema de desligar os ouvidos numa próxima temporada.

Resolução do dia

Tapar os ouvidos.

A única certeza do dia...

... é que vou beber leite com chocolate.

sábado, 5 de maio de 2012

David Lynch - Rabbits

Jim Morrison dizia que pensava em felicidade quando falava em toalhas de mesa (mais coisa menos coisa era isto).


Eu, nitidamente, falo em stress quando penso em toalhas de banho. Ou melhor, quando sonho com toalhas de banho.


Os meus sonhos revelam-se preocupantes e demasiado óbvios. Talvez preocupantes por demasiado óbvios seja o mais correcto de afirmar.


Quando sonho que recebo a visita de amigos e a visita-surpresa do suposto morango metade (talvez deva chamar-lhe morango píncaro) não só devo preocupar-me que isso dos píncaros só mesmo em sonhos ( que as surpresas, aprendi há muito, chegam sempre em forma de desagrados) como talvez não tenha toalhas que cheguem para visitas.
Isso e o facto de no sonho me preocupar mais com as toalhas de banho estarem húmidas e as secas não chegarem para todos, do que com o rejubilar com a visita inesperada do píncaro. 
Talvez ainda pensasse que era uma miragem; ou no fundo soubesse que era um sonho.
E as toalhas eram urgentes.
Não queria aqui visitas a pingar-me o chão.


Isto depois de passar a 1ª grande parte do sonho (que isto deve ter dado direito a pipocas e a intervalo, cheira-me) a refilar de dedo no ar e bem capaz de arrancar olhos com colheres, como me é típico, por me quererem cobrar a entrada na minha antiga faculdade, para eu pagar umas pendências que, pelo valor pedido, sofreram juros inimagináveis. Terminei a gritar que não pagava. 


Pois, na vida real não tenho pendências a pagar, mas não é preciso muita análise para perceber que sinto o bolso roto e o tostão a esvair-se. 


Muito mais divertido, embora desesperante, pensar nas toalhas de banho...


Cheira-me que ando a precisar de arejo nesta cabeça, nesta vida, neste pasmo.


Antes ter sonhos com bolinha com semi-conhecidos. 
Era muito mais animador, certo?

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Jojo in the Stars

--> Medir 7, 13 ou 21 vezes (consoante a sua obsessão) o galopar do orgão cardial para confirmar que vive.


--> Aconselha-se vivamente o espelho frente às narinas para verificação de embaciamento por via de expiração.



Nota:
Não nos responsabilizamos, ainda assim, por falsos vivos, macambuzios, arrasta pés, almas penadas e outras criaturas poeirentas que se façam passar por "seres vivos".

domingo, 15 de abril de 2012

Moonlight Sonata

Nada
de interesse
por
aqui

esqueci-me de desligar os ouvidos

pôr a boca no off

amarrar o dito que batuca ritmadamente com pequenos saltos imprevistos de sustos previstos de raivas que sai pela boca se perde dos olhos os braços já não apanham e as pernas só servem para segurar os pés que o pisam e não aquecem

agora respiro
bocejo forçado
não funcionou

semi-abro a portada
espreita a lua em luz
sombra de árvore
em desenhos desanimados
no tecto
nas paredes

não durmo
mas sonho

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ele há qualquer coisa...

... nos pedreiros, canalizadores, pintores, "faz-tudo" e outros senhores de trabalhos de índole mais de "pôr a mão na massa" que me fazem por vezes esbugalhar os olhos, queixo caído e em passo lento, para poder apreciar todo o espectaculo.
E que espectaculo é esse? Eles a explicarem à pessoa para quem estão a fazer o serviço como se dá e porquê o processo.
Ele é gesticular, a falar bem alto, com todas as palavras muito bem articuladas e de boca bem aberta "está a perceber?", porque daquilo percebem eles e a pessoa à frente deles pode ser estúpida... e às vezes são; ou surda... e às vezes também o serão...

Depois, como resposta, há quem goste de pensar que percebe mais da poda do que quem realmente o faz, e é ver meninas de salto alto, que sendo arquitectas percebem imenso da coisa, porem-se a espantar terra com o biquinho do sapato a ensinar ao calceteiro o que fazer e como fazê-lo (e vê-la fugir de seguida com algum tipo de impropério ou conselho para se dedicar à sua actividade).
Mas também deve haver quem engula um bocejo e pense, ai senhor faça lá isso que eu quero é paz e sossego e quem me saiba do que está a fazer, que disto não pesco nada!

Presenciei hoje uma dessas belas imagens e desacelerei o passo, para ir deixando descaír o queixo, esbugallhar os olhos e esboçar um sorriso (interior, claro... não se esqueçam que tinha descaído o queixo), para me entreter e animar, antes de ouvir o meu (improvisado) instrutor fazer o mesmo comigo (porque se ele falar baixo e não gesticular, eu posso lançar-me de uma ribanceira ou, quem sabe, resolver conduzir no passeio).
Na verdade, entrando eu numa rotunda, nunca se sabe o que pode suceder!

Não pensem vocês que critico aqui quem sabe pôr a mão na massa; muito pelo contrário! Eu aprecio é observar.
Afinal de contas, eu sou miuda de "pôr a mão na massa" e raramente compro já feito!
Guardo é o gesticular para quando vou abanar a côxa e o falar alto para quando me tiram do sério.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Tom Lehrer - We Will All Go Together When We Go

Pandemonium, 1841 - John Martin
_ Parabéns, meu caro! Que a vida te corra sobre rodas! - dizia ela para o paraplégico.





(vou parar ao inferno por esta. Mas que fazer... o mal estava já feito; passou-me pela cabeça.)

sábado, 31 de março de 2012

LCD Soundsystem - Time to get away


Cantava muito bem.
Tinha era um grave problema... só a elogiavam quando cantava no banho.
Se era do eco, se o vapor ajudava ou o barulho da água a acompanhar... nunca soube.
Mas como mulher pro-activa (ou pro ativa) que era, resolveu inventar um conceito: concertos de banheira.
Tornou-se famosa, enriqueceu.
Até ao dia que escorregou no sabonete, partiu o pescoço e finou-se.
Se passou a ter uma voz celestial ou uma voz dos diabos é que já não sei.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Hoje é dose dupla

—Meu corpo, que mais receias?
—Receio quem não escolhi.

—Na treva que as mãos repelem
os corpos crescem trementes.
Ao toque leve e ligeiro
O corpo torna-se inteiro,
Todos os outros ausentes.

Os olhos no vago
Das luzes brandas e alheias;
Joelhos, dentes e dedos
Se cravam por sobre os medos...
Meu corpo, que mais receias?

—Receio quem não escolhi,
quem pela escolha afastei.
De longe, os corpos que vi
Me lembram quantos perdi
Por este outro que terei.


Jorge de Sena

Querido Diário:

Estou num sério queixume; perdi o meu tempo.

Tentei ainda agarrá-lo com unhas e dentes, mas não houve volta a dar...
Como poderei eu lidar com isto?! Estou chorosa, ranhosa, em polvorosa.
Coloquei anúncios em jornais, Facebook, blogs, páginas de perdidos e achados, placards dos supermercados, vidros de cafés e padarias...

Uma miúda que perde assim o seu tempo fica abespinhada, descabelada, levanta voo, cerra punhos, range dentes, ganha vermelhidões, e na certa que deita fumo pelas orelhas.
(Há muitas coisas que deixam uma miúda assim)

Vivendo numa cidade pequena, quase aldeola, bem se pode atar um lenço nas costas de uma cadeira, como qualquer velhinha de aldeia que se preze. Mas o tempo não aparece.

Foi-se, escapuliu-se, esvaiu-se, esfumou-se, voou, foi com o catano!

Bendito e louvado seja Santo António, sol brilhante que em Lisboa, França e
Itália, deu luz a mais rutilante: ó beato Santo António, que ao monte
Sinai subiste; o teu Santo Breviário perdeste, em busca dele voltaste
mui triste e uma voz do céu ouviste: “António, torna atrás, o teu santo
Breviário acharás; em cima dele Jesus Cristo vivo, três coisas lhe
pedirás: o perdido achado, o esquecido lembrado, e o vivo guardado.”


Ainda numa esperança saloia, lança-se a oração a Santo António para achar. Nada.

Tenho para mim que também ele ande à minha procura e num destes dias tropecemos um no outro; lágrimas, gargalhadas, felicidade em mim.


Miúda satisfeita é tod'Amor, toda enlaço, toda vermelhidão de face, mas sem fumo.

Não se recupera o tempo perdido.
Assim, tenho pensado seguir o caminho, aproveitando o tempo, este, o de daqui a pouco, o de amanhã... e chutando uns calhaus que se me atravessam nele.
E não me venham com a léria de guardar as pedras para construir um castelo... É que quando deito fumo, por vezes sabe bem chutar um calhau. Que querem...


sábado, 17 de março de 2012

Björk - Bachelorette (Official Music Video)

L'ensorceleuse - Benjamim Lacombe

Tinha desculpa se fosse adolescente

Era uma saudade de outra que não ela, uma nostalgia que não lhe pertencia, de um tempo que parecia ter sido uma outra vida.
Uma náusea. Não pertenço aqui. Não sou eu que sinto; é outra que fui, com outro que foste.
A náusea de sentir em mim a saudade, o retorno de algo que tive (imaginei ter?).
É náusea, nostalgia, saudade, satisfação do retorno? Sou eu que sinto; é outra em mim? E quem retorna; és tu mesmo, outro em ti, aquele que não quis ver ou o que imaginei?
Deixa-se ir... a náusea volta soluçante, tal como a saudade. Não sei se em mim, se em quem fui, não sei se de ti, de quem foste ou se de quem te imaginei.
Mas saudade, sim, agora.

sábado, 3 de março de 2012

Tindersticks Frozen



Auxiliares de memória e outras merdas (posso escrever merdas?)

Era um amor assim de novela
beijos e zangas e toda essa trama
um dia a saudade virou grade de cela
foi-se a memória a pele e a chama
perdeu-se ele esqueceu-se ela
Meu xuxu amor meu de cama
preciso ver-te disse-lhe ela
Mas não te conheço traz de rama
uma rosa vermelha na tua lapela.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Ode ao Amor

Tão lentamente, como alheio, o excesso de desejo,
atento o olhar a outros movimentos,
de contacto a contacto, em sereno anseio, leve toque,
obscuro sexo á flor da pele sob o entreaberto
de roupas soerguidas, vibração ligeira, sinal puro
e vago ainda, e súbito contrai-se,
mais não é excesso, ondeia em síncopes e golpes
no interior da carne, as pernas se distendem,
dobram-se, o nariz se afila, adeja, as mãos,
dedos esguios escorrendo trémulos
e um sorriso irónico, violentos gestos,
amor...
ah tu, senhor da sombra e da ilusão sombria,
vida sem gosto, corpo sem rosto, amor sem fruto,
imagem sempre morta ao dealbar da aurora
e do abrir dos olhos, do sentir memória, do pensar na vida,
fuga perpétua, demorado espasmo, distração no auge,
cansaço e caridade pelo desejo alheio,
raiva contida, ódio sem sexo, unhas e dentes,
despedaçar, rasgar, tocar na dor ignota,
hesitação, vertigem, pressa arrependida,
insuportável triturar, deslize amargo,
tremor, ranger, arcos, soluços, palpitar e queda.

Distantemente uma alegria foi,
imensa, já tranquila, apascentando orvalhos,
de contacto a contacto, ansiosamente serenando,
obscuro sexo à flor da pele... amor... amor...
ah tu senhor da sombra e da ilusão sombria...
rei destronado, deus lembrado, homem cumprido.

Distantemente, irónico, esquecido.


Jorge de Sena, in 'Pedra Filosofal'

Às Vezes o Amor - Sérgio Godinho

Quero



Nós e o Amor

O amor era tal
que deu dois nós
na corda e enforcou-se.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

The Black Keys - Howlin for you (LYRICS IN DESCRIPTION)



- Não me dás os teus joelhos...
- Mas fazem-me falta! Está bem, dou-tos.
- Essas pernas deveriam ser minhas, só assim acredito.
- Mas, como vou depois a algum lado?
- E não sei, se não queres abraçar mais ninguém...
- Os braços também?!
- Dizes que só tens olhos para mim; Será mesmo assim?!
- Toma-os...
- Se afirmas com toda a tua convicção que na tua cabeça só há espaço para mim...acho que gostaria de a ter, comprova-lo.
- Sou cabeça no ar, mas... faz-me falta! Ainda a uso, ao contrário do que julgas! Mas se duvídas, toma-a, espreita!
- Vejo tantos corações desenhados, aqui, ali e acoli...mas o teu, pertence-me realmente?
- Como não o sabes ainda?!
- Não sei... Tudo isto me parece insuficiente. És muito picuinhas, queixinhas, lamechinhas, com exigenciazinhas, queres dar e receber muitas coisinhas, ou queres dar e receber poucas coisinhas, ou és pouco lamechinhas, pouco picuinhas, dás muitas satisfaçõezinhas ou pouquinhas... és esquisitinha, não gostas desta ou daquela coisinha, não queres ouvir ou dizer estas palavrinhas, fazer aquelas outras parvoicezinhas...muitas inhas e poucas inhas... uma insuficiência só! Ah, não sei. Acho que não me provas o teu amor...
- Ok... eu levo tudo de volta...
- Nãããã... Não faço devoluções. Nem aceito reclamações.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Roxy Music - Same Old Scene

The Owls - Charles Baudelaire

Under the overhanging yews,
The dark owls sit in solemn state,
Like stranger gods; by twos and twos
Their red eyes gleam. They meditate.

Motionless thus they sit and dream
Until that melancholy hour
When, with the sun's last fading gleam,
The nightly shades assume their power.

From their still attitude the wise
Will learn with terror to despise
All tumult, movement, and unrest;

For he who follows every shade,
Carries the memory in his breast,
Of each unhappy journey made.


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Sob os feixos onde habitam,
Os mochos formam em filas;
Fugindo as rubras pupilas,
Mudos e quietos, meditam.

E assim permanecerão
Até o Sol se ir deitar
No leito enorme do mar,
Sob um sombrio edredão.

Do seu exemplo, tirai
Proveitoso ensinamento:
— Fugí do mundo, evitai

O bulício e o movimento...
Quem atrás de sombras vai,
Só logra arrependimento!

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"

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Era ela e um cão.
Passou o Verão, chegou o Outono e sentiu frio. Não havia aquecedor que a aquecesse, cobertor que a aconchegasse.


Era ela, um cão e um gato.
Aprendeu com eles a rodopiar atrás de uma cauda imaginária, a erguer a cabeça ao menor ruído.


Era ela, dois cães e um gato.
Chegou o Inverno. Percebeu que o frio vinha de dentro de si. Aprendera a rosnar ao mínimo sinal de perigo e não deixava ninguém aproximar-se.


Era ela, três cães e dois gatos, mais as aranhas que se instalaram.
O frio não se ia embora. Acendeu uma fogueira com a mobília, no quintal. Nunca ela mordeu tanto quanto devia.


Era ela três cães, três gatos, as aranhas e os pássaros que pelas 16h vinham roubar as migalhas.
Cantavam, ladravam, miavam, chilreavam e… bom, as aranhas não diziam um pio. Sem mobília, dormiam aconchegados.


Percebera que antes sujeitar-se a uma carga de pulgas que a uma carga de nervos!