quarta-feira, 30 de maio de 2012

Um par de ambos os dois igual = 0

Ele conhecia a sua namorada como a palma da sua mão. 
Ou pelo menos assim pensava.
Era um espanto como lhe adivinhava pensamentos, falas, conversas completas até!, desejos, ambições... um espanto; digo-vos!
De tal forma que começou a fazer conversas intermináveis com ela, mesmo sem a sua presença, física ou telefónica.
Como sabia de cor tudo o que ela diria ou pensava, depressa a substitui por uma foto dela colada no espelho (espelho esse que já lhe servira tantas vezes como parceiro de conversas sobre si mesmo, tecendo elogios e constatando que estava cada vez mais agradável à vista).
Foi uma relação bonita e duradoura, embora não se possa dizer que incluísse o " foram felizes para sempre".


Já ela, cansada do seu outrora amado ora feito boneco insuflável, ora feito homem invisível, ora feito amigo imaginário, que vivia tão no seu mundo de monólogos convictos, fez da sua foto (a única prova de que tal criatura existia) alvo para colocar atrás da porta.
A sua pontaria está melhor que nunca.

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