Circulina - miúda, é certo - não é já uma fedelha.
Mantém-se de alguma forma jovial com passos de dança facilmente confundíveis a espasmos, ginástica facial espontânea e reactiva, a que chamam "caras engraçadas", gargalha sempre que pode e recusa-se a usar saltos agulha - diz que assemelhar-se a uma gazela acabada de nascer não lhe assenta bem e pronto!
Maquilha-se apenas para as saídas raras, que lhe apraz o ritual, os lábios vermelhos e os olhos a preto.
Circulina não se julga "fresca que nem uma alface", nem tem pretensões de ter outra idade que não a sua. Não acha sequer que assim pareça... Assim calha julgarem, pela forma de estar e apresentar.
Não pode, portanto, estranhar que alguém que podia ser quase (será só quase?!) seu pai, se sinta tentado a atravessar a crise pós-divórcio apreciando a sua companhia, com convites e avanços que lhe soam algo tolos, juvenis, num tagarelar entre o galanteador mais velho e o uso de expressões de puto que a irritam sobejamente.
Desconforto valente este, que não aprecia galanteios demasiado doces nem sinais de imaturidade no verbo, em especial forçada. Mesmo vindo de alguém que até pode não ser desagradável à vista, a quem interesse, pois claro, e cheio de delicadezas.
Mas garota esquisita, que precisa de pujança, na fala e no trato. De arrebatamentos e de estímulo... há quem lhe chame xonezice.
O que Circulina aprecia é espantar-se ainda. De se fascinar. Coisa rara...
É a montanha-russa, com espaço para o suspiro e o enleio.
Para o arrebatamento, a paixão e a carne; sempre essa, que é fraca mas não vai lá só com palavras doces.
Quando muito... com parvoíces e outras "ices"
Mas isto não. Isto não!
Isto dá náusea da bem má. Cria fuga e distanciamento.
Prefere guardar a ficha da montanha-russa para melhor ocasião...
Até lá, nada de "mais uma corrida, mais uma viagem".
Fica-se pela banca do algodão doce e pela máquina dos bonecos.
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