sábado, 14 de setembro de 2013

Encher o peito de ar

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 Em dias de não poder ouvir um ruído que contrarie este estado de alarme constante, soa a campaínha interior acordo o despertador acordo o galo alimenta-me o gato de linguas do dito, linguas de perguntador troco os cereais por uma taça de música em loop tropeço no refrão calço os chinelos da preguiça limpo os pés à saída peço licença à porta do prédio...

 uffff... expiro. conto até 10.

Inspiro

 ...

 Em noites de não pregar olho descanso um de cada vez enquanto o outro espreita à socapa os fantasmas que se ficam pelo postigo à espera de um ronco que nunca chega que eu não ressono nem durmo e os fantasmas não vêm do postigo vêm de dentro da cabeça a cem a mil tudo a correr a perder-se foto desfocada de uma vida tremida que não há quem me páre e isto esta cabeça é um parque de diversões enquanto o corpo tem o seu descanso semanal, não, mensal, anual mais uma corrida mais uma viagem estampada contra o muro que se ergueu perante os olhos meus teus mas a música que nos une é a banda sonora que parte corações, um coração dois corações três corações tralala mas não o meu não o teu que aprendemos a trepar muros e a saltar na cama elástica Weeeeee! feito no caminho entre o abraço, um suspiro, um... e inspiro e afinal acordo da sesta de 5 minutos.

Encha o peito de ar e não respire.
Pode respirar.

Continue a viver em sossego por mais uma temporada.
Peça à saída a etiqueta para a receita dos comprimidos para essa crise existencial.

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